Stress test

Da Thinkfn

Um stress test (teste de esforço ou resitência) é, por definição, qualquer teste realizado no sentido de determinar a estabilidade de um sistema ou entidade acima da sua capacidade operativa normal. No caso dos bancos, envolve testar os rácios de capital do banco perante um cenário mais adverso do qual resultem, devido a uma conjuntura económica adversa, um maior incumprimento dos seus clientes (por exemplo no crédito habitação, crédito ao consumo, etc.) ou outro tipo de eventos, com impacto negativo materialmente relevante nos fundos próprios e nos fundos próprios requeridos (por exemplo perdas em activos disponíveis para venda - Assets For Sale , ou activos com maturidades -Held-To-Maturity).


Em que consiste um stress test aos bancos?

Os bancos são obrigados a manter níveis apropriados de fundos próprios em função da exposição de risco que advém da sua própria actividade bancaria e financeira. Para controlarem esse risco, os bancos já tem os seus próprios modelos de stress test sobre custos de financiamento (funding) e de necessidade de vender activos abaixo do seu justo valor (liquidity risk), para medir riscos de liquidez, e outros métodos para medir os níveis necessários de recursos imediatamente disponíveis para cobrir perdas expectáveis com os seu portfólio de credito (as chamadas provisões para credito).

Por exemplo, neste último caso, os bancos calculam o seu risco de crédito usando modelos actuariais que lhes permite estimar a probabilidade de distribuição das perdas que possam resultar da sua exposição a determinados segmentos do seu portfólio de crédito concedido.

Os bancos já usam, na sua estratégia de risk management, modelos de Probabilidade de Default (PD), Lose Given default (LGD) e factores de conversão para além da própria incerteza associada a estas medidas, incorporando no modelo a volatilidade destes parâmetros, a diversificação, concentração, correlação, etc.

Os banco já há muito tempo que medem não só a probabilidade (baseado no passado) de perdas em determinado segmento de credito (por exemplo, a percentagem de perdas que normalmente registam com os credito habitação devido aos clientes que não pagam), como também essa probabilidade de perdas (risco) por país.

Os stress tests são exactamente isso que os bancos já faziam, só para além de se basearem nos dados históricos e na volatilidade destes, acrescentam sobre as perdas assim estimadas, um acréscimo de risco derivado de um contexto económico mais adverso, onde, por exemplo, considerem o desaceleramento da economia, maior taxa de desemprego e outros factores que podem resultar numa maior probabilidade dos clientes não cumprirem com as suas obrigações perante o banco. Por exemplo, um banco que tivesse um risco histórico de incumprimento dos seus clientes no credito ao consumo de 6.9%, é possivel que seja, num cenário mais adverso, sujeito a uma probabilidade de incumprimento maior que essa, por exemplo, na ordem dos 12%.

Cenário mais adverso do stress test

Um cenário mais adverso num stress test é criado a partir da perspectiva de eventos limite, críticos e que saem fora da normalidade previsível.

Ou seja, em vez de se proceder a uma projecção com base na "melhor estimativa", ou com base da variância dos instrumentos financeiros a serem analisados (como se faria no Value at risk), é procedido a uma análise de cenários radicais, por exemplo, no caso de um crash. O stress test é uma procura da resposta a um tipo de perguntas tais como:

  • O que acontece se o mercado tivesse um crash de mais de x% este ano?
  • O que acontece se as taxas de juro subirem mais de y%?
  • O que acontece se os preços do petróleo subirem 200%?
  • Outros cenários radicais, que saiam fora da evolução normal dos mercados.

Rácios de Capital

Normalmente, em stress test sérios e que visam efectivamente apurar a realidade financeira e solvabilidade de um banco, os rácios de capital projectados devem situar-se acima de determinados minimos, de acordo com os seguintes valores de referência:

Rácio Tier 1 capital: Minimo de 6% Rácio Tier 1 common capital: Mínimo 4%

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Este tipo de testes tem vindo a tornar-se mais usual, sendo inclusive adoptados de forma pública pela FED, em 2009, para reestabelecer a confiança do mercado nas instituições financeiras e, em 2010, pelo Comité das Autoridades Europeias de Supervisão Bancária (CEBS), embora estes últimos, usando de critérios mais brandos, a que chama "cenário adverso extremo, mas plausível." e considerando que um rácio tier 1 capital de 6% representa um elevado grau de resistência, apesar de este ser o rácio mínimo e de desconsiderarem o rácio tier 1 common capital.

Os testes de stress permitem assim determinar as vulnerabilidades de um portfolio a acontecimentos extremos, e adaptar o portfolio ou a liquidez, a essas possibilidades, antes de elas acontecerem.


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