John Law

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Retrato de John Law (1671-1729), director - geral das Finanças Controller, de Casimir von Balthasar (1811-1875)

John Law foi um economista escocês nascido em 1671 de uma rica família escocesa, que se tornou famoso pela sua vida de jogador, mulherengo e, principalmente, fundador do sistema bancário actual.

Infância e Juventude

Os primeiros anos de John Law foram na Escócia, ao lado de sua poderosa família. Ainda adolescente, perdeu o pai, sendo criado a partir daí pela mãe.

Ao completar 17 anos, Law decidiu viajar para Londres, onde tentaria ter uma vida própria. No entanto, ele foi sustentado durante sua vida em Inglaterra pelo dinheiro mandado pela mãe. Descontraído e de grande lábia, fazia conquistas fáceis entre as damas londrinas.

A sua vida de jogador e mulherengo levou-o, no entanto, a matar em duelo o marido de uma de suas amantes. Foi preso e condenado à morte, em 1694. John tentou o perdão do rei Guilherme. “Perdão a um escocês?”, riu-se o monarca inglês. Mas Law conseguiu escapar para a Europa continental.

Ficou então exilado na Europa, desocupado. Passou então esses anos a escrever a maioria de seus trabalhos, todos referentes a sistemas e relações económicas e financeiras.

Vida Pública

As suas principais ideias são a "teoria do valor pela escassez", a distinção entre "valor de troca" e "valor de uso", e a "Doutrina das Letras Reais". A teoria de Law era que a oferta de moeda não deve ser determinada pelas importações de ouro ou pelo saldo da balança comercial, mas de maneira endógena pelas "necessidades de troca". Considerado o pai das finanças modernas, defendeu a introdução do papel-moeda e dos títulos lastreados em terra e impostos.

Após o exílio, foi para Paris. Continuou com sua vida de amante da noite e das mulheres, porém, desta vez, John teve sorte: tornou-se íntimo do Duque de Orleans, quando este se tornou Regente após a morte de Luis XIV, em 1715, até que Luís XV, com cinco anos, atingisse a maioridade.

O sistema bancário não só da França, como também da Europa, era um sistema caótico. Várias moedas coexistiam num mesmo país – e o povo continuava a utiliza-las mesmo depois de extintas pelo governo.

A situação financeira da França era marcada por insuficiência de moeda e excessivas desvalorizações. Logo, Law percebeu que seus estudos de economia e financia ali serviriam para crescer.

Então Law propôs a criação de um banco estatal centralizador que tivesse o monopólio de todas as actividades financeiras e fazendárias.“Não existe país forte sem banco forte", como John dizia. Também defendeu o uso de moeda fiduciária e a criação de um banco lançador de títulos de crédito lastreados em receitas de impostos e propriedades.

Foi aqui que a grande amizade com o Regente da França rendeu-lhe frutos: no ano de 1716, o duque Felipe deu a Law o Banco Generále, nascido da ideias de John Law. O novo banco iniciou com a emissão de títulos resgatáveis em moeda corrente do dia do lançamento. Como resultado dessa obra impactante, começou uma ameaça de desvalorização da moeda metálica.

Retrato de John Law (1671-1729), autor desconhecido

E uma nova lei obrigava os cobradores de impostos a depositar o dinheiro no Banco Generále. Em menos de um ano, os títulos tinham ágio de 15%, enquanto as notas do Tesouro por Luís XIV estampavam um deságio de 80%.

No ano de 1717, Law desenvolveu e fundou uma companhia na Louisiana, então colónia francesa, que deteria o monopólio do comércio no rio Mississipi. No mesmo ano, o banco de Law foi estatizado sob o nome de Banque Royale. Mas John começou a especular financeiranete e, para cobrir rombos, convencia Felipe a emitir mais papel-moeda. Foi ordenada a impressão de papel-moeda num montante equivalente a três vezes a dívida pública.

A partir daí, o país viu-se inundado de papel-moeda, e sob oposição do Parlamento o Regente foi compelido a afastar Law da direção do Banque Royale.

Decadência

Law, que já estava engressado na Companhia do Mississipi, não perdeu o status que tinha. Em 1718, John conquistou a confirmação dos direitos comerciais sobre o rio Mississipi, Índias Orientais, China e Pacífico Sul. Monopolizando estas novas regiões, Law decidiu emissão de 50.000 acções, a serem integralizadas em notas do Tesouro com 80% de deságio. E prometeu um dividendo anual fixo equivalente a uma rentabilidade de 120% ao ano. A combinação da alta rentabilidade garantida com excesso de papel-moeda incendiou o interesse público, e apareceram em média seis compradores para cada ação. Em frente a casa de John Law, formou-se um feira de acções. As ações foram com valorização de 2.900% em quinze meses. Nesse ínterim, ocorreu a fusão do Banque Royale com a Companhia do Mississipi, e Law foi nomeado Ministro das Finanças.

Em 1720, houve uma corrida para sacar dinheiro, e John Law recorrera uma resistência em pagar os vendedores em moeda metálica. Houve, por conseguinte, uma desconfiança do uso do papel-moeda. A reacção foi a desvalorização e limitação dos saques de moeda metálica. Tais medidas, contudo, não surtiram efeito, e todo o metal disponível foi contrabandeado para Inglaterra e Holanda, inviabilizando o comércio – e aumentando a desconfiança de John Law.

No meio à crise, Law apelou ao feriado bancário. Foi limitado o porte de metal por indivíduo em 500 "livres", sob pena de confisco do excedente, e proibida a compra de jóias, prataria e pedras preciosas. Estas medidas levaram o país à beira da revolução, e as ações da Companhia do Mississipi entraram o verão de 1720 com queda de 98 % em relação a abril.

Por conta da crise resultante da especulação, Law foi demitido no mesmo ano, 1720. Ele teve de fugir da França, e foi para Veneza. Lá tentou reestabelecer-se, propondo mais uma vez o sistema bancário que usara em Londres e em Paris, mas não teve sucesso. Morreu de pneumonia em 1729, totalmente desacreditado.

À crise acima, conhecida como o Esquema do Mississipi, é atribuída grande importância no desenvolvimento posterior da Revolução Francesa. A palavra "banco" não foi mais usada em França até os dias de hoje, em favor do termo "crédito" (credit). Law foi, portanto, o pioneiro do sistema bancário actual.

Referências

Revista Superinteressante, edição 233/Maio, por Álvaro Oppermann