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Law instou ao estabelecimento de um banco nacional para criar e reforçar os instrumentos de [[crédito]], bem como a emissão de [[papel-moeda]] garantido por terra, [[ouro]] ou [[prata]]. A primeira manifestação do sistema de Law apareceu quando este regressou à sua terra natal e contribuiu para o debate conducente ao Tratado da União de 1707 com um texto intitulado ''Money and Trade Consider'd with a Proposal for Supplying the Nation with Money'' (1705). Após a união dos parlamentos da Escócia e Inglaterra, a situação legal de Law obrigou-o a ir para o exílio novamente.
 
Law instou ao estabelecimento de um banco nacional para criar e reforçar os instrumentos de [[crédito]], bem como a emissão de [[papel-moeda]] garantido por terra, [[ouro]] ou [[prata]]. A primeira manifestação do sistema de Law apareceu quando este regressou à sua terra natal e contribuiu para o debate conducente ao Tratado da União de 1707 com um texto intitulado ''Money and Trade Consider'd with a Proposal for Supplying the Nation with Money'' (1705). Após a união dos parlamentos da Escócia e Inglaterra, a situação legal de Law obrigou-o a ir para o exílio novamente.
  
Passou dez anos a viajar entre a França e a Holanda, em especulações financeiras, antes dos problemas da economia francesa terem propiciado a oportunidade de por o seu sistema em prática.
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Passou dez anos a viajar entre a França e a Holanda, em especulações financeiras, antes dos problemas da economia francesa terem propiciado a oportunidade de pôr o seu sistema em prática.
  
 
Ao completar 17 anos, Law decidiu viajar para Londres, onde tentaria ter uma vida própria. No entanto, ele foi sustentado durante sua vida em Inglaterra pelo dinheiro mandado pela mãe. Descontraído e de grande lábia, fazia conquistas fáceis entre as damas londrinas.
 
Ao completar 17 anos, Law decidiu viajar para Londres, onde tentaria ter uma vida própria. No entanto, ele foi sustentado durante sua vida em Inglaterra pelo dinheiro mandado pela mãe. Descontraído e de grande lábia, fazia conquistas fáceis entre as damas londrinas.

Revisão das 13h58min de 30 de dezembro de 2007

Retrato de John Law (1671-1729), director - geral das Finanças Controller, de Casimir von Balthasar (1811-1875)

John Law (bap. 21 Abril de 1671 - 21 Março 1729) foi um economista escocês que acreditava que o dinheiro era apenas um meio de troca e que não constituía riqueza em si mesmo, e que a riqueza nacional dependia do comércio. Diz-se que é o pai da finança e é responsável pela a adopção ou uso do papel-moeda ou notas ao invés do metal.

Law era um jogador brilhante no cálculo mental e era conhecido por ganhar jogos de cartas calculando mentalmente as probabilidades. Especialista em estatística, foi o autor de teorias económicas, destacando-se duas grandes ideias: a teoria do valor pela escassez, que fazia a distinção entre valor de troca e o valor de uso, e a Doutrina das Letras Reais.

Infância e Juventude

Nascido numa família de banqueiros e ourives de Fife, na Escócia, Law ingressou no negócio familiar com a idade de catorze anos e estudou o negócio bancário até a morte de seu pai em 1688. Law negligenciou subsequentemente o negócio familiar em favor de actividades mais extravagantes e viajou para Londres onde perdeu largas somas de dinheiro ao jogo.

A 9 de Abril de 1694, Law bateu-se em duelo com Edward Wilson. Wilson desafiara-o sobre os afectos de Elizabeth Villiers. Wilson foi morto no decurso do duelo e Law foi julgado, tendo sido considerado culpado e sentenciado à morte na forca. Contudo a pena foi comutada por uma multa pois, no entender do tribunal, o homicídio tinha sido involuntário. O irmão da vítima apelou e foi então condenado ao cárcere, no entanto Law conseguiu fugir para o continente.

Law instou ao estabelecimento de um banco nacional para criar e reforçar os instrumentos de crédito, bem como a emissão de papel-moeda garantido por terra, ouro ou prata. A primeira manifestação do sistema de Law apareceu quando este regressou à sua terra natal e contribuiu para o debate conducente ao Tratado da União de 1707 com um texto intitulado Money and Trade Consider'd with a Proposal for Supplying the Nation with Money (1705). Após a união dos parlamentos da Escócia e Inglaterra, a situação legal de Law obrigou-o a ir para o exílio novamente.

Passou dez anos a viajar entre a França e a Holanda, em especulações financeiras, antes dos problemas da economia francesa terem propiciado a oportunidade de pôr o seu sistema em prática.

Ao completar 17 anos, Law decidiu viajar para Londres, onde tentaria ter uma vida própria. No entanto, ele foi sustentado durante sua vida em Inglaterra pelo dinheiro mandado pela mãe. Descontraído e de grande lábia, fazia conquistas fáceis entre as damas londrinas.

A sua vida de jogador e mulherengo levou-o, no entanto, a matar em duelo o marido de uma de suas amantes –a futura Condeça de Orkney. Foi preso e condenado à morte na forca, em 1694. John tentou o perdão do rei Guilherme. “Perdão a um escocês?”, riu-se o monarca inglês. Mas Law conseguiu escapar para a Europa continental.

Ficou então exilado na Europa, desocupado. Passou então esses anos a escrever a maioria de seus trabalhos, todos referentes a sistemas e relações económicas e financeiras.

Vida Pública

As suas principais ideias são a "teoria do valor pela escassez", a distinção entre "valor de troca" e "valor de uso", e a "Doutrina das Letras Reais". A teoria de Law era que a oferta de moeda não deve ser determinada pelas importações de ouro ou pelo saldo da balança comercial, mas de maneira endógena pelas "necessidades de troca". Considerado o pai das finanças modernas, defendeu a introdução do papel-moeda e dos títulos lastreados em terra e impostos.

Após o exílio, foi para Paris. Continuou com sua vida de amante da noite e das mulheres, porém, desta vez, John teve sorte: tornou-se íntimo do Duque de Orleans, quando este se tornou Regente após a morte de Luis XIV, em 1715, até que Luís XV, com cinco anos, atingisse a maioridade.

O sistema bancário não só da França, como também da Europa, era um sistema caótico. Várias moedas coexistiam num mesmo país – e o povo continuava a utiliza-las mesmo depois de extintas pelo governo.

A situação financeira da França era marcada por insuficiência de moeda e excessivas desvalorizações. Logo, Law percebeu que seus estudos de economia e finanças ali serviriam para crescer.

Então Law propôs a criação de um banco estatal centralizador que tivesse o monopólio de todas as actividades financeiras e fazendárias.“Não existe país forte sem banco forte", como John dizia. Também defendeu o uso de moeda fiduciária e a criação de um banco lançador de títulos de crédito lastreados em receitas de impostos e propriedades.

Foi aqui que a grande amizade com o Regente da França rendeu-lhe frutos: no ano de 1716, o duque Felipe deu a Law o Banco Générale, nascido da ideias de John Law. O novo banco iniciou com a emissão de títulos resgatáveis em moeda corrente do dia do lançamento. Como resultado dessa obra impactante, começou uma ameaça de desvalorização da moeda metálica.

Retrato de John Law (1671-1729), autor desconhecido

E uma nova lei obrigava os cobradores de impostos a depositar o dinheiro no Banco Générale. Em menos de um ano, os títulos tinham ágio de 15%, enquanto as notas do Tesouro por Luís XIV estampavam um deságio de 80%.

No ano de 1717, Law desenvolveu e fundou uma companhia na Louisiana, então colónia francesa, que deteria o monopólio do comércio no rio Mississipi. No mesmo ano, o banco de Law foi estatizado sob o nome de Banque Royale. Mas John começou a especular financeiranete e, para cobrir rombos, convencia Felipe a emitir mais papel-moeda. Foi ordenada a impressão de papel-moeda num montante equivalente a três vezes a dívida pública.

A partir daí, o país viu-se inundado de papel-moeda, e sob oposição do Parlamento o Regente foi compelido a afastar Law da direcção do Banque Royale.

Decadência

Law, que já estava engressado na Companhia do Mississipi, não perdeu o status que tinha. Em 1718, John conquistou a confirmação dos direitos comerciais sobre o rio Mississipi, Índias Orientais, China e Pacífico Sul. Monopolizando estas novas regiões, Law decidiu emissão de 50.000 acções, a serem integralizadas em notas do Tesouro com 80% de deságio. E prometeu um dividendo anual fixo equivalente a uma rentabilidade de 120% ao ano. A combinação da alta rentabilidade garantida com excesso de papel-moeda incendiou o interesse público, e apareceram em média seis compradores para cada ação. Em frente a casa de John Law, formou-se um feira de acções. As ações foram com valorização de 2.900% em quinze meses. Nesse ínterim, ocorreu a fusão do Banque Royale com a Companhia do Mississipi, e Law foi nomeado Ministro das Finanças.

Em 1720, houve uma corrida para sacar dinheiro, e John Law recorrera uma resistência em pagar os vendedores em moeda metálica. Houve, por conseguinte, uma desconfiança do uso do papel-moeda. A reacção foi a desvalorização e limitação dos saques de moeda metálica. Tais medidas, contudo, não surtiram efeito, e todo o metal disponível foi contrabandeado para Inglaterra e Holanda, inviabilizando o comércio – e aumentando a desconfiança de John Law.

No meio à crise, Law apelou ao feriado bancário. Foi limitado o porte de metal por indivíduo em 500 "livres", sob pena de confisco do excedente, e proibida a compra de jóias, prataria e pedras preciosas. Estas medidas levaram o país à beira da revolução, e as ações da Companhia do Mississipi entraram o verão de 1720 com queda de 98 % em relação a abril.

Por conta da crise resultante da especulação, Law foi demitido no mesmo ano, 1720. Ele teve de fugir da França, e foi para Veneza. Lá tentou reestabelecer-se, propondo mais uma vez o sistema bancário que usara em Londres e em Paris, mas não teve sucesso. Morreu de pneumonia em 1729, totalmente desacreditado.

À crise acima, conhecida como o Esquema do Mississipi, é atribuída grande importância no desenvolvimento posterior da Revolução Francesa. A palavra "banco" não foi mais usada em França até os dias de hoje, em favor do termo "crédito" (credit). Law foi, portanto, o pioneiro do sistema bancário actual.

Referências

Revista Superinteressante, edição 233/Maio, por Álvaro Oppermann