Cash flow

Da Thinkfn
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Cash flow é um termo anglo-saxónico que significa fluxos de tesouraria ou de caixa e que se refere à capacidade da empresa gerar recursos pela sua própria actividade, que obtêm pela soma do lucro liquido ordinário às provisões e as amortizações do exercício.

Expressão

+ Lucrolíquido 
+ Amortizações do exercício 
– Lucros extraordinários e extra-funcionais 
+ Perdas extraordinário e extra-funcionais
= Cash Flow

Classificação

O Cash flow, enquanto termo genérico, pode ser usado de forma diferente de acordo com o contexto e, algumas definições de cash flow, podem ser adoptadas por analistas ou utilizadores para os seus próprios fins. Termos comuns (definições relativamente estandardizadas) incluem cash flow operacional e free cash flow.

Os cash flows podem ser classificados como:

  1. Cash flow operacional: Dinheiro recebido ou gasto como resultado das principais actividades (core) da empresa;
  2. Cash flow de investimento: Dinheiro recebido ou gasto através de Capex (gastos em bens de capital), investimentos ou aquisições;
  3. Cash flow de financiamento: Dinheiro recebido ou gasto em resultado de actividades de financiamento, como receber ou pagar empréstimos, emitir ou recomprar acções, pagar dividendos, etc.

Todos estes três tipos de cash flow são necessários para reconciliar o saldo de caixa do início de um período como o saldo no final desse período.

Uso do cash flow

Medir o cash flow pode ser usado para:

  • Avaliar o estado ou performance de um projecto;
  • Determinar problemas de liquidez. Ser lucrativo não significa necessariamente ser líquido. Uma empresa pode falhar por falta de liquidez mesmo sendo lucrativa;
  • Para determinar a taxa de rendibilidade de um projecto. Os timings das entradas e saídas de cash num projecto são usados como inputs para modelos financeiros tais como a taxa interna de rendibilidade ou o valor actual.
  • Para examinar os lucros ou crescimento de um negócio quando se acredita que a contabilidade patrimonial não representa a realidade económica. Alternativamente, o cash flow pode ser usado para validar o lucro apurado pela contabilidade patrimonial.

Benefícios de usar o cash flow

O mapa de cash flow é um dos quatro principais mapas financeiros de uma empresa. O mapa de cash flow pode ser examinado para determinar a viabilidade a curto prazo de uma companhia.

Segundo Black1, os cash flows são mais importantes para a avaliação das empresas em inicio de ciclo de vida (aqui o investing cash flow) e ciclos de vida mais avançados (aqui o operating cash flow) que os resultados. Ou seja, Black afirma que os cash flows são mais pertinentes para a avaliação dos investidores e credores em empresas em início de ciclos de vida, quando há crescimento, e fim de ciclos de vida, quando a continuidade da empresa a longo prazo pode estar comprometida, do que os resultados.

Isto porque se o caixa está a aumentar (e o cash flow operacional é positivo), então podemos determinar que uma empresa é saudável no curto prazo. Balanços de caixa estáveis ou a aumentar sugerem que uma empresa é capaz de fazer face às suas necessidades de caixa, e continuar solvente. Esta informação nem sempre se pode obter a partir da demonstração de resultados ou do balanço de uma empresa. Por exemplo, uma empresa pode estar a gerar lucro mas continuar a ter dificuldade em manter-se solvente.

O mapa de cash flow separa as fontes de geração de dinheiro em três secções: cash flows operacionais, de investimento e financiamento. Esta separação permite ao leitor dos mapas financeiros determinar de onde vem o dinheiro para sustentar as operações da empresa. Por exemplo, uma empresa pode ser fortemente lucrativa mas ao mesmo tempo gerar pouco cash flow operacional. Nesse caso a empresa pode estar a gerar mais dinheiro através da emissão de acções ou de endividamento. Companhias que anunciaram significativos abatimentos de activos, particularmente de goodwill, podem ter cash flows substancialmente superiores ao que os seus lucros indicariam. Por exemplo, as empresa de telecomunicações pagaram somas substanciais pelas aquisições de licenças 3G e, subsequentemente, tiveram que abater goodwill, indicando que estes investimentos perderam valor. Estes abatimentos frequentemente resultaram em perdas reportadas substanciais, como as anunciadas pela Vodafone em Maio de 2006 (£21.9 biliões). Não obstante esta grande perda, que representa um "sunk cost", o cash flow operacional da Vodafone foi forte.2

Em certos casos, o mapa de cash flow pode permitir a analistas cuidadosos detectar problemas que não seriam evidentes nos outros mapas financeiros. Por exemplo, a Worldcom cometeu uma fraude contabilística que foi descoberta em 2002; a fraude consistia primariamente em tratar despesas correntes como sendo investimentos de capital, assim aumentando fraudulentamente os resultados líquidos. O uso de uma medida de cash flow (free cash flow) teria potencialmente permitido detectar que não existia alteração na globalidade do cash flow (incluindo capex)3

Cash flow como métrica de previsão de falência

Como vimos acima, as variáveis de cash flow podem proporcionar advertências de risco de dificuldades financeiras ou mesmo de falência. No entanto, segundo estudos de Schellenger e Cross4 em que avaliaram as medidas de cash flows na previsão de falência, o uso de cash flows nos últimos três anos anteriores a falência, estatisticamente, proporcionaram melhores provisões do que outras variáveis contabilísticas.

Perigos de usar isoladamente o cash flow operacional

Quando os analistas se referem a "cash flow", eles quase sempre se referem a "cash flow operacional". Este é apenas um dos três tipos de cash flows. Existem problemas inerentes a se isolar só este tipo de cash flows, porque as empresas podem facilmente manipular a classificação.

Métodos comuns para distorcer os resultados incluem:

  • Vendas - Vender os saldos de clientes a uma factoring para obter dinheiro instantâneo;
  • Existências - Não pagar aos fornecedores por umas semanas mais no final de um período de reporting;
  • Comissões de vendas - A gestão pode formar uma companhia separada (e não relacionada) para funcionar como sua agente. Esta pode depois efectuar compras ao negócio que faz o reporting como um investimento;
  • Salários - Remunerar com stock options;
  • Leases de equipamento - Em vez de o comprar;
  • Arrendar - Em vez de comprar a propriedade, ou efectuando uma venda e lease back;
  • Custos de consultoria - Pagar com acções;
  • Juros - Emitir obrigações convertíveis com um cupão mais baixo.

Volatidade de cash flows e resultados

A volatilidade dos cashs flows e dos resultados estão relacionados com o risco do preço.

No entanto, os beta e os dividend payout ratios são relacionados com a volatilidade dos resultados não considerando a volatilidade dos cash flows ; e por sua vez o índice de rating do S&P de obrigações relaciona-se com a volatilidade dos cash flows mas já não considera os resultados.

Cash Flow: Aumento de dividendos vs Share buy back

As empresas podem usar a distribuição de dividendos ou um plano de share buy back como payout. Guay e Harford5 defende que a escolha de um ou outro método de remuneração dos accionistas depende da continuidade dos ganhos nos choques da cash flow e avançam com a hipótese de que os aumentos de dividendos seguem choques de cash flows mais permanentes que os seguidos nos share buy back.

De acordo com Guay e Harford um aumento de dividendos deve ser encarado pelo mercado como favorável, na medida de que é provável que os fluxos monetários passados e presentes se mantenham. Já quando é usado um plano de share buy back como payout em vez alteração na distribuição de dividendos é esperado que o mercado percepcione em baixa a permanência de cash flows.

Ver também


Referências

1 Black, E. L. (1998); “Which is more value relevant: earnings or cash flows?”, Working Paper, University of Arkansas, Fayetteville, Arkansas.

2 "O Cash flow forte é um dos aspectos mais atraentes dos operadores móveis, permitindo a operadores como a Vodafone retornar dinheiro aos seus accionistas mesmo enquanto apresentam fortes prejuízos."

3 How to Hide $3.8 Billion in Expenses

4 Schellenger, Michael e Joann N. Cross (1994); “FASB 95, cash flow and bankrupt”, Working Paper, University of Wisconsin Oshkosh, WI, Journal of Economics and Finance, Vol. 18, Nº 3, Fal, pp. 261-274.

5 Guay, Wayne e Jarrad Harford, (1998); "The cash flow permanence and information content of dividend increases vs. repurchases", Working Paper, Wharton Scholl University of Pennsylvania, Lundquist College of Bussiness University of Oregon, July 1998, Pg. 7


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