Trading em Commodities IV - Os primeiros brokers e traders

Da Thinkfn

Já com o CBOT (1848) a dar segurança às transacções, passou-se dos contratos (lembrete: 1 contrato = 1 barcaça = 5.000 baldes) para entrega quando chegassem as barcaças, poucas semanas depois, para contratos a maiores prazos (1851) que foram sendo alargados, e já há muito tempo vão até 3 anos.

Para verem os contratos de trigo actuais (ultima entrega em Julho de 2010):

http://www.cbot.com/cbot/pub/page/0,3181,1322,00.html

Os agricultores viram então uma forma de financiar os seus investimentos em mais terras, alfaias, sementes – e os moageiros uma forma de fixar o preço da mais importante componente do seu custeio: a matéria prima.

Mas, logo que começaram a fazerem-se as transacções no CBOT viu-se que era preciso por ordem nas discussões entre vendedores e compradores, e foi limitado o acesso ao espaço onde se negociava (Floor) a pessoas mais preparadas para isso (os Brokers) que os agricultores e moageiros.

Por outro lado a quantidade que um agricultor tinha para vender ou excedia ou era insuficiente para um só moageiro.

Surgem então intermediários (Traders) que actuam como “principais”, isto é, enquanto os brokers compram e vendem para outros, os traders compram, assumindo o risco, para depois vender.

Simplesmente, muito depressa, esta ordem inverteu-se.

Com a existência de contratos futuros, os traders perceberam que o melhor era vender primeiro o físico (trigo) mas só para os meses em que há contratos, e, simultaneamente, comprar contratos futuros para a data de entrega.

Desta forma põem-se a salvo das variações do preço do trigo pois se este sobe ganham nos futuros o preço a mais que irão pagar pelo físico (neste exemplo, o grão de trigo).

Inversamente, se o preço desce, recuperam a perda dos futuros no preço inferior que pagam pelo físico.

Uma vez fechada a venda e esta coberta (hedged) o trader, que entretanto foi assumindo funções logísticas desde a origem até Chicago se vedeu FOB (Free On Bord) ou no destino final se vendeu CIF (Cost, Insurance and Freight) não precisa de comprar logo o físico desfazendo o hedge antes de tempo.

No próximo capítulo veremos como se tira vantagens da posse dos contratos de compra durante o período em que se mantém o hedge.

As Tradings foram crescendo e algumas possuem navios graneleiros, vagões de CF, frota de camiões e armazéns ou silos em zonas de compra e em portos de embarque.

Os contratos de compra podem não corresponder à quantidade que efectivamente se tem de entregar – se a informação que o trader tem aponta para variações de curto prazo nos preços: se vê que o preço vai cair, não compra logo todos os contratos para o full-hedge (under-hedging)– aguarda uma correcção e compra depois mais abaixo, até completar. Inversamente, se prevê uma subida no preço do trigo, compra mais contratos (over-hedging) e, quando o preço subir vende o excesso de contratos.

É uma das decisões que distingue os bons traders dos outros e que, dados os valores em jogo, proporciona aos primeiros chorudos bónus anuais.

Evidentemente que estas decisões são tomadas com base num trabalho intenso de recolha de informações para o que é necessário cultivar muito boas relações pessoais com agricultores (hoje importantes sociedades agrícolas e cooperativas) e com os industriais, além de um profundo conhecimento da actividade (já falei do meu curso de meteorologia), e capacidade de integrar todos os imputs e concluir acertadamente. Ter uma memória numérica boa e cálculo mental espontâneo, ajuda muito. Acompanhar a geopolítica, as tarifas alfandegárias, o money market para cobertura do risco cambial via swaps – e tudo o que tenha a ver com a oferta-procura do físico que estamos a transaccionar – é também necessário.

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Autor

Fogueiro, em 26/9/2007

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