Problema dos dedos gordos

Da Thinkfn
Revisão das 02h32min de 12 de maio de 2010 por Incognitus (discussão | contribs)

(dif) ← Revisão anterior | Revisão atual (dif) | Revisão seguinte → (dif)

O problema dos dedos gordos (fat finger sindrome) designa, nos utilizadores de teclados, a tendência dos nossos dedos para acertarem nas teclas erradas. Este termo também se usa para designar, eufemisticamente, a troca de valores dos campos de formulários informatizados, ou outras em que se pretende fazer uma coisa e se faz outra.

Na negociação intra-diária, em particular, a natureza repetitiva de certas operações no teclado pode originar erros de digitação ou trocas de campos. Quando a plataforma de negociação não possui mecanismos de detecção destes erros as gafes resultantes podem causar prejuízos potencialmente monstruosos.

Geralmente é possível anular as transacções em certas bolsas desde que a transacção da gafe preencha determinadas condições e o pedido de anulação seja feito de forma imediata e seguindo os trâmites estabelecidos. No entanto por vezes não é possível anulá-las.

Transacção de acções da Google (NasdaqGS:GOOG) a 20 de Julho de 2007, executada a 38 USD numa altura em que esta cotava a 380 USD.<ref name=google/>

2007 - Google a 38 USD

A 20 de Julho de 2007, na negociação after-hours (AH), a Google (NasdaqGS:GOOG) cotava a cerca de 380,00 USD quando foi transaccionada uma quantia significativa de acções a cerca de 38,00 USD.<ref name=google>((pt)) A Google transaccionou a $38 no After Hours !!! ahahah, 20 Jul 2007, tópico do fórum Think Finance</ref>

É possível que na origem desta gafe tenha estado a digitação incorrecta de um preço limite de venda. É também provável que esta transacção tenha sido anulada pelo NASDAQ.

2005 - J-Com Co a 1 JPY

Em 2005 ocorreu a OPV inicial da empresa de recrutamento japonesa J-Com Co (KOSDAQ:060750.KQ). A J-Com Co estreou-se no mercado secundário da Bolsa de Tóquio a 8 de Dezembro de 2005. Nesse primeiro dia, abriu a cotar a 672.000 JPY (cerca de 5.600 USD, na altura).

A corretora japonesa Mizuho Securities, uma divisão de corretagem do banco japonês Mizuho Financial, deu uma ordem de venda de 610.000 acções da J-Com Co a 1 JPY cada, quando na realidade pretendia a venda de 1 única acção a 610.000 JPY. A gafe foi, portanto, originada por uma troca de valores nos campos da quantidade e preço da ordem de venda. Esta ordem de venda de 610.000 acções, excedia em 41 vezes o total de acções da J-Com Co admitidas à cotação. A ordem não só foi aceite pela plataforma de negociação da corretora, como foi aceite e processada pela bolsa de Tóquio e causou a queda da cotação até aos 520.000 JPY (4.767 USD, na altura) logo após a abertura.<ref>((pt)) O Nikkey não pára!?, 2 Dez 2005, tópico do fórum Think Finance</ref>

Tendo-se apercebido do erro a corretora contactou várias vezes a Bolsa de Tóquio no sentido de anular a transacção. No entanto, a Bolsa de Tóquio foi incapaz de fazê-lo, alegadamente devido a um erro informático. Embora a cotação tivesse recuperado até ao final da sessão, a negociação da J-Com Co foi interrompida no dia seguinte. A incapacidade da bolsa em anular a transacção, e o facto da transacção poder ter sequer ocorrido, causaram preocupação no mercado de Tóquio resultando em quedas na cotação de várias corretoras e levando à demissão do presidente da Bolsa de Tóquio, Takuo Tsurushima, a 20 de Dezembro.<ref>((pt)) Presidente da bolsa de Tóquio demite-se após falhas no sistema informático, 20 Dez 2005, Jornal de Negócios</ref>

Tendo o prejuízo sido inicialmente estimado em 233 milhões de USD, a Mizuho Securities tentou rectificar este erro recomprando as acções vendidas através de proprietary trading, que permite a um banco usar as suas reservas como capital de negociação. No fim de Dezembro de 2005, o prejuízo estava quantificado em 344 milhões de USD.<ref>((en)) Mizuho Securities loses $223m in trading error, 1 Jan 2006, Oprisk & Compliance</ref> A Mizuho Securities e a Bolsa de Tóquio anunciaram planos para partilharem os prejuízos, mas até 20 de Setembro de 2006 ainda não tinham chegado a um acordo.<ref>((en)) Wall Street’s biggest losers, 20 Set 2006, MSN Moneycentral</ref>

2001 - Dentsu a 16 JPY

A 30 de Novembro de 2001 estreou-se no mercado a Dentsu, a então maior companhia publicitária do Japão. Era a maior OPV inicial desse ano, sendo a UBS Warburg Japão co-coordenadora global da oferta. O preço da oferta foi de 420.000 JPY por acção. Na abertura do mercado, às 9 da manhã, encontrava-se no livro de ordens uma ordem da própria UBS Warburg Japão, colocadora da oferta, para venda de 610.000 acções a 16 JPY cada, em vez da pretendida ordem de 16 acções a 610.000 JPY cada<ref>((en)) Asia Money. Oops: UBS Warburg in mother of all typos. Consultado a 6 Nov 2008.</ref>.

A ordem manteve-se no livro durante dois minutos até o erro ser descoberto e a ordem cancelada. Por esta altura, 65.599 acções tinham sido vendidas e o preço das acções caíra para 405.000 JPY. Segundo o relações públicas da UBS Warburg, se o erro tivesse sido feito cinco minutos mais tarde não teria ocorrido, porque o preço de abertura serve de nível contra o qual disparidades graves são detectadas; como não havia preço de abertura a ordem da pré-abertura foi executada.

A UBS conseguiu recomprar 18.339 acções nesse dia e ficou obrigada a obter as restantes 47.360 nos três dias úteis seguintes para liquidar a transacção. Foi estimado na altura que esta transacção custaria à UBS na ordem das dezenas de milhões de dólares.

Referências

<references/>

Ver também

Artigos Think Finance