Porquê investir em acções dos EUA (I)

Da Thinkfn

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Este pretende ser o primeiro de uma série de pequenos artigos sobre a hipótese de investir em acções dos USA.

A ideia principal que será defendida será que, para investimentos relativamente longos no tempo (sempre de vários anos), os mercados financeiros (e as empresas) dos USA apresentam várias vantagens importantes em relação aos portugueses e mesmo em relação à maioria dos europeus.

A primeira parte do artigo consiste numa introdução que visa justificar de forma muito breve a opção por investimentos de longo prazo.


Investimentos de longo prazo ou especulação de curto prazo?

Eu, como muitas pessoas, considero que os investimentos especulativos baseados na tentativa de adivinhar movimentos de curto prazo das cotações de acções (ou de outros activos financeiros) tem mais valor como passatempo do que como processo válido para enriquecer.

Por outro lado, considero que investir para prazos longos, com base em critérios fundamentais (ligados a relações entre o valor das empresas e a sua capitalização bolsista, e com atenção às suas capacidades de fazer crescer os resultados) pode proporcionar ganhos significativos.

Aprofundar as razões que justificam este ponto de vista exigiria um espaço que seria demasiado longo no contexto destes artigos.

No entanto não custa muito listar alguns dos argumentos principais:

  1. O facto de todos os investidores cujo sucesso é realmente significativo e realmente comprovado terem atingido os seus resultados a partir de investimentos de longo prazo baseados em Análise Fundamental.
  2. O grau de credibilidade inerente das abordagens conhecidas para por um lado realizar previsão de longo prazo (com base em considerações fundamentais) e, por outro lado, para realizar previsões de curto prazo (usualmente com base em teorias bastante duvidosas).
  3. O facto de os investimentos de longo prazo tenderem a ser muito menos taxados (em termos de impostos) e muito menos custosos (em termos de custos associados à negociação) do que os “investimentos” especulativos de elevada rotatividade.
  4. A minha experiência pessoal, que já inclui longos anos como investidor bolsista e já inclui a tentativa de realizar previsões de curto prazo com base nas metodologias de análise de dados mais poderosas que actualmente são conhecidas.


Assim, embora não assuma uma posição que negue totalmente a possibilidade de algumas pessoas poderem ganhar algum dinheiro com metodologias de especulação de curto prazo, considero que uma vez contabilizados todos os custos (custos de negociação, custos em tempo de trabalho e esforço despendido, custos de equipamentos utilizados e telecomunicações, etc.) essas abordagens, ao fim de anos de esforço, apenas podem na melhor das hipóteses proporcionar resultados positivos marginais, mas com muito maior probalidade resultam em perdas significativas (e, quase sempre, no abandono definitivo dos mercados financeiros por parte de quem incorre nessas perdas).

Assumindo este raciocínio, e preferindo portanto investir para prazos longos, não basta procurar mercados com custos de negociação baixos, boa liquidez, elevada volatilidade e boa disponibilização de dados técnicos de negociação (cotações o­n-line, com profundidade de mercado, e dados históricos como cotações, volumes transaccionados, etc.), que constituem as condições fundamentais para encarar de forma séria uma abordagem de trading de curto prazo.

Para investir para prazos longos, com base nos fundamentais das empresas e das economias, é conveniente actuar em:

  1. Mercados que tenham um grande leque de empresas cotadas.
  2. Mercados em que haja uma boa disponibilização (preferencialmente via Internet) de dados técnicos e fundamentais, e em relação aos quais estejam disponíveis ferramentas de análise (por exemplo screeners).
  3. Mercados que tenham regras claras de funcionamento, e actuação eficiente das entidades reguladoras.
  4. Economias globalmente competitivas.


Nos restantes artigos desta série, procurarei apresentar aquilo que considero serem bons argumentos para optar por realizar investimentos de longo prazo nos USA, ao invés de em Portugal.

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Autor

Ming, em 24/10/2004

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