Nikolai Kondratieff

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Nikolai Kondratieff Nikolai Dimitrievich Kondratiev, em russo Николай Дмитриевич Кондратьев (Goloejevskaja, 4 de março de 1892 - Suzdal, 17 de Setembro de 1938) foi um economista russo. Um dos teóricos da NEP (Nova política económica), é mais conhecido por ter sido o primeiro a tentar provar estatisticamente o fenómeno das “ondas longas”, movimentos cíclicos (ciclo económico) de aproximadamente 50 anos de duração, conhecidos posteriormente na Economia, como ciclos de Kondratiev.

Biografia

Nascido em uma família camponesa, na província de Kostroma, norte de Moscovo. Estuda na Universidade de São Petersburgo sob a tutoria de Mikhail Tugan Baranovsky. Membro do Partido Social-Revolucionário (SR). Seus primeiros trabalhos como professor foram sobre oferta de produtos agrícolas. Participa do Governo Kerenski no ministério do abastecimento.

Depois da revolução de Outubro mergulha nas actividades académicas. Em 1920 participa da fundação do Instituto de Conjuntura, em Moscovo, especializado em pesquisa estatísticas. Em 1923, participa dos debates públicos em torno da Crise das Tesouras. Em 1924 publica seu primeiro livro, onde apresenta a sua teoria sobre ondas longas. Ao longo da década de 1920 viajará para outros países divulgando suas idéias.

Durante a NEP, apóia a política oficial do governo soviético de incentivo de produção primária de produtos agrícolas e bens de consumo sobre a indústria pesada, dando-lhe sustentação teórica.

Contudo, com a mudança política do grupo de Stalin, em 1928, que passa a apoiar a industrialização acelerada e colectivização forçada, Kondratiev caí em desgraça. Nesse mesmo ano, é afastado da direcção do Instituto de Conjuntura. Por fim, em 1930 é processado, preso e condenado no chamado Processo dos Mencheviques (considerado o primeiro dos Processos de Moscovo) pela suposta formação de um partido pró-kulak. Durante, a década de 1930, com a consolidação do regime stalinista no partido comunista e no governo soviético, será fuzilado no cárcere em 1938.

O ciclo de Kondratiev ou ondas longas

Um ciclo de Kondratiev tem um período de duração determinada (de 40 a 60 anos), que corresponde aproximadamente ao retorno de um mesmo fenômeno. Apresenta duas fases distintas: uma fase ascendente (fase A) e uma fase descendente (fase B). Essas flutuações de longo prazo seriam características da economia capitalista.

Ciclos de Kondratieff

A primeira referência do economista russo Nikolai Kondratiev aos ciclos prolongados ocorreu no seu livro de 1922 "A economia mundial e sua conjuntura durante e depois da guerra". Na sua maior parte, o livro tratava de uma análise empírica dos eventos desde 1914, mais que questões explicitamente teóricas. O conceito de ciclos prolongados foi introduzido nos últimos capítulos, e só na forma de uma generalização histórica mais bem tentada. Para ele a natureza particularmente aguda da crise do pós-guerra explica-se assim mediante o facto de que marcava um ponto de viragem no ciclo prolongado e o começo de sua fase descendente.

Em 1926, Kondratiev apresentou, na sua obra "As ondas longas da conjuntura", a hipótese da existência de ciclos longos, com base na análise de séries cronológicas de preços no atacado, de 1790 a 1920, dos Estados Unidos, da França e do Reino Unido.

Partindo de curvas empíricas, Kondratiev construiu curvas teóricas que, a seu ver, mostravam tendências seculares. Considerou ter encontrado dois ciclos longos e meio entre 1780 e 1920, anunciando que, quando escrevia, iniciava-se a fase descendente do terceiro ciclo. Propôs, em seguida, uma interpretação dessas curvas: "A base dos ciclos longos é o desgaste, a reposição e o incremento do fundo de bens de capital básicos, cuja produção exige investimentos enormes. (...) A reposição e o incremento desse fundo não é um processo contínuo. Realiza-se por saltos". Revela-se aí, uma possível explicação sua para origem desses ciclos económicos.

As críticas dos contemporâneos de Kondratiev

Ao longo da década de 1920 o trabalho de Kondratiev foi duramente criticado na União Soviética, pois a existência desses ciclos, com suas inflexões, enfraquecia a ideia de que o capitalismo rumava para uma grande crise, que seria a ante-sala do socialismo, como defendia a linha oficial do Partido Comunista encabeçada pelo economista oficial Evgueni Varga.

Sofreu críticas também de León Trotsky e dos economistas da Oposição de Esquerda do Partido Comunista, como Preobrajenski, que o criticavam além dos temas que envolviam os rumos da NEP a validade das ondas longas.

Kondratiev sempre ressaltava as dificuldades inerentes à comprovação dos ciclos longos. Destaca-se que, um dos seus maiores críticos, Oparin, reviu todos os procedimentos e refez os cálculos, apontando inconsistências em muitas opções metodológicas de Kondratiev.

Fama de Kondratiev no Ocidente

O maior divulgador de Kondratiev e das ondas longas foi Joseph Schumpeter (Ciclos de Negócios) foi um dos maiores divulgadores da teoria das ondas longas. O próprio trata os ciclos de forma similar a Kondratiev, a partir da quebra do equilíbrio económico, acrescentando apenas ser essa proporcionada pelo aparecimento da inovação, trazida pelo empreendedor capitalista. Os maiores divulgadores contemporâneos dos ciclos de Kondratiev são os neoschumpeterianos, especialmente os economistas Christopher Freeman e Carlota Perez.

Mais recentemente, autores neomarxistas, ligados à chamada Teoria do Sistema Mundo (Giovanni Arrighi, André Gunder Frank, Wallerstein e Theotonio dos Santos) e, em menor medida nos da Escola da Regulação (ou teoria da regulação sistémica), que têm sido também grandes divulgadores. Esses autores tratam os ciclos de Kondratiev combinando com a ideia de desenvolvimento do sistema mundial capitalista.

Um grande divulgador da teoria de ondas longas foi o economista e líder trotskista Ernest Mandel (Capitalismo Tardio), que defendia ser a teoria de Kondratiev compatível e complementar a visão de Trotsky sobre desenvolvimento e dinâmica de longo prazo do capitalismo, a ideia de curva de desenvolvimento capitalista. Outros autores, mais recentemente, a partir de Mandel, pretendem preencher as lacunas da teoria de ondas longas com uso de elementos teóricos não marxistas, especialmente o emprego de aportes encontrados em autores neoschumpeterianos. Contudo, há uma incompatibilidade entre as teorias de Trotsky e Kondratiev, apontadas por outros, como o economista canadense Richard B. Day.

Links relevantes

Ver também

Referências

  • ARRIGHI, G. O longo século XX. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
  • FRANK, A. G. ReOrient: global economy in Asia age. California: University of California Press, 1998.
  • FREEMAN, C.; CLARK, J.; SOETE, L. Unemployment and technical innovation: a study of long waves and economic development. London: Francis Pinter Publishers, 1982.
  • DAY, Richard B.. La teoria del ciclo prolongado de Kondratiev, Trotsky e Mandel.
  • DOS SANTOS, Theotonio. La cuestión de las ondas largas. In: REYNO, J. E.; GIRÓN, A.; MARTÍNEZ, O. (Coord.). La globalización de la economía mundial: principales dimensiones en el umbral del siglo XXI. México D.F.: IIE/UNAM, 1999. p. 77-100.
  • DOS SANTOS, Theotônio. Crises econômicas e ondas longas na economia mundial. TD Série 1 N. 5. Niterói: GREMINT - Faculdade de Economia - UFF, 2002.
  • KONDRATIEV, Nicolai. Los ciclos largos de la coyuntura economica. México D.F.: UNAM, 1992.
  • MANDEL, Ernst. O capitalismo tardio. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
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  • TROTSKY, Leon A Situação Mundialin Naturaleza e dinámica del Capitalismo e a Economía de Transición. (PARTE I: “Naturaleza e dinámica del capitalismo mundial”). Centro de Estudios, Investigaciones e Publicaciones "León Trotsky": Buenos Aires, 1999.
  • TROTSKY, Leon A Curva do Desenvolvimento Capitalista in Naturaleza e dinámica del Capitalismo e a Economía de Transición. (PARTE I: “Naturaleza e dinámica del capitalismo mundial”). Centro de Estudios, Investigaciones e Publicaciones "León Trotsky": Buenos Aires, 1999.


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