Acção

Da Thinkfn
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Uma Acção é um título que representa parte do capital de uma sociedade anónima, dando ao seu proprietário o direito de partilhar dos resultados dessa empresa, e dando-lhe poderes para intervir no governo da sociedade (via o seu direito de voto).

O valor de uma acção vem dos resultados que a empresa gera e se espera que venha a gerar, mais o valor atribuído ao poder de influenciar o destino da empresa, via controlo da maioria dos direitos de voto.


Direitos da acção

A propriedade de acções confere vários direitos, nomeadamente:

  • Direito de assistência e voto nas Assembleias Gerais, sendo o voto proporcional à quantidade e classe das acções detidas (podendo existir diferentes classes com diferentes direitos de voto);
  • Direito à distribuição de dividendos se para tal existirem resultados e essa for a decisão da sociedade. Os dividendos serão distribuidos na proporção da quantidade de acções detida, e da classe a que estas pertençam (podendo existir diferentes classes com diferentes direitos em matéria de dividendos);
  • Direito à quota parte da situação líquida apurada no caso de liquidação da sociedade, em função da quantidade de acções detidas, e respectiva classe.

A Acção como produto

Poderá constituir uma surpresa para os investidores, que existe outra noção de acção. A acção também é um produto. E como qualquer produto, o seu preço é determinado pela procura e oferta. E é mais fácil de gerar procura, se o produto for devidamente promovido. E o produto será mais facilmente vendido, se for devidamente distribuído. E o produto venderá a prémio se, com a devida promoção, passar a ser entendido como uma “marca”.

Ora, o mercado de capitais está estruturado essencialmente nesta óptica. Não na óptica do investidor que compra e fica à espera que a actividade da empresa lhe proporcione a justa recompensa, mas sim na óptica de que é necessário vender o que tem pouca procura neste momento, para comprar aquilo que tem muita procura. De que é necessário transaccionar produtos.

Para isso, existem redes de distribuição imensas, que são as grandes casas como a Goldman Sachs, Morgan Stanley, JP Morgan, etc, nas quais todos os dias os Sales (ou seja, os vendedores) vão bater à porta de potenciais clientes (maioritariamente institucionais, que por sua vez fazem a maior parte das transacções no mercado), com razões para estes venderem ou comprarem parte das suas existências (acções, vistas como produtos).

Para que estas verdadeiras “chamadas de venda” funcionem, estes Sales têm o apoio do seu research, que gera as razões para se comprar e vender as acções em causa com base em acontecimentos de curto prazo (as razões têm que ser de curto prazo mesmo que as implicações sejam de longo, pois a necessidade está em transaccionar os produtos o mais possível).

Aqui um ponto importante: os Sales “vendem” ideias para as quais sabem que existe receptividade no mercado. Não aquilo que eventualmente faça mais sentido comprar.

É por isso que a seguir a um rally gigantesco da energia, se vêem tantos IPOs (OPVs) de empresas energéticas bem como o lançamento de fundos temáticos de energias e energias alternativas. É por isso que após um rally gigantesco de tecnológicas, o mesmo acontece mas os IPOs são de tecnológicas e os fundos temáticos são de tecnologia.

O que esta estrutura do mercado vende, é o produto pelo qual o mercado clama.

E para que não se pense que são apenas os grandes brokers que pensam desta forma, olhem para o exemplo dado por dois papéis nacionais. CIN e Pararede. Qual delas foi e é a melhor empresa? Qual delas tem liquidez? Qual delas está no contínuo e qual está no mercado por chamada? Qual delas está no PSI20?

As acções são produtos. Um produto que não “roda”, para uma parte substancial do mercado (bolsas incluídas) não tem interesse.


Noções de Mercado

Importa compreender que a estrutura do mercado funciona assim, para não se ser influenciado em demasia pelo seu funcionamento. Interessa manter um espírito aberto e crítico face a todas as propostas que nos sejam feitas, principalmente as que são repetidas diariamente.

Por exemplo, é pouco provável que uma história que ande no mercado há meses a ser promovida, seja realmente aquilo que mais sentido faz comprar. As verdadeiras oportunidades de negócio geralmente não estarão o­nde todos estão a olhar e a promover, nem o­nde está a liquidez.

Esta leitura do mercado também nos ajuda a compreender que o que não está a ser promovido hoje, e por isso parece carecer de interesse mesmo estando mais barato do que o que está na moda, pode muito bem ser o que estará na moda amanhã, e a ser promovido amanhã. Até porque parte das razões utilizadas para a promoção prendem-se com a “valorização” dos títulos, e além disso após uma promoção muito intensa de uma história já todos os clientes possuem inventório dessa história, e portanto para transaccionarem ou é necessário convencê-los a vender o que compraram, ou é necessário arranjar uma nova história que justifique a compra de novo inventório.


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